Cerimónia ocorreu em Espoleto a 30 de maio de 1232. Santo António foi canonizado apenas 352 dias após a sua morte.
Cerimónia ocorreu em Espoleto a 30 de maio de 1232. Santo António foi canonizado apenas 352 dias após a sua morte.
Naquela manhã de 30 de maio de 1232, na medieva catedral de Santa Maria Assunta, na localidade de Espoleto, a escassos trinta quilómetros da franciscana cidade de Assis, as palavras elogiosas do Papa ecoaram para todo o sempre.
Um pregador excecional, um raro exemplo de virtude cristã, um poço de sabedoria, um modelo de santidade
O Papa Gregório IX deslocou-se propositadamente desde Roma, para presidir à cerimónia de canonização do santo português que, menos de um ano antes, tinha falecido em Pádua. O cardeal Ugolino di Anagni era amigo pessoal de São Francisco de Assis e um confesso devoto das ordens mendicantes, como os franciscanos e os dominicanos.
Ainda antes de ser eleito papa, travou conhecimento com o maior pregador da Igreja daquela época. Foi por isso que, logo após a morte de António, nomeou uma comissão para a canonização, que aconteceu apenas 352 dias depois do funeral.
Ugolino di Anagni contava apenas 28 anos de idade quando, em 1098, o seu tio, papa Inocêncio III, o elevou à categoria de cardeal da Igreja Católica. Foi nessa condição que assistiu à viragem do século e ao nascimento, logo no primeiro quartel do século XII, das duas grandes ordens mendicantes: Franciscanos, ou Ordem dos Frades Menores, em 1209, e Dominicanos, ou Ordem dos Pregadores, em 1217.
A criação destas ordens e a ação teológica e caritativa dos seus fundadores, São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão, foram profundamente marcantes para este eminente purpurado, que ganhava assinalável ascendente na estrutura liderante da Igreja. Refira-se que em 1206 já era cardeal-bispo de Óstia, na foz do rio Tibre, a poucos quilómetros de Roma.
Atento às incidências da época, o influente cardeal travou conhecimento pessoal com os líderes espirituais do tempo, Francisco de Assis e Domingos de Gusmão. Com o “Poverelo” consolidou, inclusive, uma profunda amizade. Estudou Direito em Paris e em Bolonha e tornou-se uma das maiores autoridades eclesiásticas na matéria. Foi sem surpresa que, aos 57 anos, a 19 de março de 1227, se sentou na cadeira de São Pedro.
Nessa altura já os dois frades, as suas grandes referências espirituais, tinham falecido. Domingos morreu em agosto de 1221 e Francisco partira para a eternidade seis meses antes da eleição pontifícia de Gregório IX.
Mal assumiu a liderança da Igreja Católica, tratou de promover todo o apoio da Curia Romana aos Franciscanos e aos Dominicanos e criou, de imediato, uma comissão canónica para levar a cabo os processos de canonização dos fundadores das duas grandes ordens mendicantes.
O processo de Francisco de Assis foi o mais célere, uma vez que a sua missão teve como origem a Itália, mais próxima da Santa Sé, e o “Poverelo” foi canonizado em Assis, em cerimónia presidida pelo papa, em julho de 1228.
Já Domingos de Gusmão, apesar de natural de Castela, fundou a sua ordem religiosa de pregadores em Toulouse, na França, o que obrigou os peritos a um trabalho mais demorado na recolha de testemunhos. Por isso, o fundador dos dominicanos foi canonizado em Roma, em junho de 1234.
Já demos conta de que, de permeio, o papa Gregório IX elevou aos altares Santo António de Lisboa, naquele que foi um dos processos de canonização mais rápidos da História da Igreja. Mesmo assim, no processo constam 53 relatos de milagres.
Para além da canonização destes três grandes santos, o pontificado de Gregório IX ficou marcado pelo combate aos hereges, nomeadamente aos Cátaros, e pela criação do primeiro Código de Direito Canónico, uma “coletânea geral de leis da Igreja” de tal maneira completa, que vigorou oito séculos, até 1918.
Na luta contra os hereges, levou a cabo duas iniciativas cruciais. Por um lado, publicou a bula “Vox in Rama”, em que, pela primeira vez, a Igreja assume a realidade de cerimónias malignas secretas organizadas por hereges e com participação do diabo. Por outro, organiza a Inquisição Pontifícia, com o objetivo claro de reprimir as heresias e libertar a Igreja da perniciosa ação do diabo.
Neste particular, Gregório IX incumbiu, através de bula papal, os dominicanos de colocarem em prática a Inquisição, quer do trabalho de investigação, da realização do julgamento e da determinação de condenação ou absolvição dos hereges.
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Gregório IX ficou também para a História pelo reforço da autoridade do Papa.
O primeiro papa Gregório governou a Igreja 14 anos, entre 1590 e 1604. Foi São Gregório Magno, ou Gregório ‘O Grande’. Foi um papa marcante e ficou para a História a sua reforma do canto litúrgico. Ainda hoje se entoa o “canto gregoriano”. A partir daí houve mais quinze gregórios, com destaque para Gregório IX, que canonizou Santo António e São Francisco, e Gregório XIII, que recontou o tempo e criou o calendário gregoriano.
Ao longo da História, 23 papas escolheram chamar-se João. O primeiro foi eleito em 525 e governou a Igreja por apenas dois anos. Esse nome foi escolhido também pelo único papa português, Pedro Hispano. Ele optou por chamar-se João XXI. O último a chamar-se João (XXIII) foi o cardeal Roncali, o papa que, no início da década de 60 do sec. XX, convocou o Concílio Vaticano II.
Eleito a 26 de agosto de 1978, João Paulo I (Albino Luciani) foi o primeiro pontífice a optar por dois nomes, em homenagem aos dois antecessores: João XXIII e Paulo VI. Foi papa apenas 33 dias. E Karol Wojtyla resolveu seguir-lhe o exemplo. Assim, quando o papa polaco foi eleito, escolheu chamar-se João Paulo II.
Não se sabe ao certo com que idade foi eleito o papa mais jovem da História, porque não é certa a data de nascimento. Chamava-se Teofilacto e chegou a papa em 1032, muito provavelmente com 18 anos de idade. O mais curioso é que ele foi papa por três vezes: entre 1032 e 1045, depois governou 21 dias entre abril e maio de 1045 e, por último, 248 dias, entre 1047 e 1048.
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