O Papa mais popular da história foi decisivo para a queda do Muro de Berlim e o fim da ‘guerra fria’. Liderou a Igreja durante 26 anos.
O Papa mais popular da história foi decisivo para a queda do Muro de Berlim e o fim da ‘guerra fria’. Liderou a Igreja durante 26 anos.
“Não tenhais medo”, foi a frase mais usada por Karol Wojtyla, o primeiro Papa polaco, durante os seus 26 anos de pontificado. Uma marca que deixou logo na primeira missa que celebrou como João Paulo II, em 22 de outubro de 1978: “Não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas económicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem ‘o que é que está dentro do homem’. disse.
No livro “Cruzando o Limiar da Esperança, explicou: “A exortação ‘Não tenhais medo!’ deve ser interpretada como tendo um significado muito amplo. Em certo sentido, foi uma exortação dirigida a todas as pessoas, uma exortação para vencer o medo na situação atual do mundo”. E foi a sua coragem que contribuiu decisivamente para a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria. Defensor da liberdade, civil e religiosa, nos países dominados pelo comunismo, foi três vezes à Polónia, a primeira das quais a Gdansk, o berço do sindicato Solidariedade, a quem deu a mão. Recebeu, mais tarde, o presidente polaco Jaruzelski no Vaticano. O Solidariedade acabou por ser legalizado e chegar ao poder, colocando um ponto final no comunismo, a 4 de junho de 1989. Foi o pontapé de saída para a queda do Muro de Berlim, a 9 de novembro de 1989, e o início do fim da Guerra Fria.
João Paulo II viaja, de pé, no interior do ‘papamóvel’, na altura descapotável, acenando à multidão. O relógio marcava 17h19. De repente, ouvem-se disparos. Um tiro, depois outro. O Santo Padre cai, desamparado, nos braços do secretário pessoal, D. Stanislaw Dziwisz. O autor do crime é imediatamente detido. Trata-se de Mehmet Ali Agca, um jovem de 23 anos, de nacionalidade turca. O mundo fica em suspenso. Vivem-se momentos de angústia e ansiedade. Karol Wojtyla vacila entre a vida e a morte, mas acaba por sobreviver.
A coincidência de datas com as Aparições da Virgem aos pastorinhos (a primeira ocorreu a 13 de Maio de 1917), levaram João Paulo II a ligar o facto de ter escapado do atentado “à proteção materna da Senhora revestida de Sol” e à terceira parte do chamado ‘segredo de Fátima’ - que os crentes acreditam ter sido revelado por Nossa Senhora à Irmã Lúcia, a 13 de Julho de 1917. Nele se fala de “um bispo vestido de branco” que é “morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas”. No seu livro “Memória e Identidade”, pode ler-se: “Agca disparou para matar, um tiro que devia ser mortal. Alguém o encarregou de me matar. Não tenho a menor dúvida. Sabia e sentia como era gravíssima a minha situação, sabia que tinha sido ferido na barriga, doía muito. Praticamente já estava do outro lado, mas senti que me iria salvar. (...) Senti uma extraordinária proteção materna. A Virgem salvou-me”. A “mão materna” que “desviou a bala”.
João Paulo II doou, mais tarde, o projétil que o atingiu ao Santuário de Fátima. Os responsáveis do recinto decidiram colocá-la na coroa de Nossa Senhora, mas não sabiam onde. Foi, então, que repararam num pequeno orifício mesmo ao centro da joia, até ali desconhecido. Pelas dimensões, entendeu-se que seria o local ideal para colocar a bala. O que ninguém imaginava é que encaixasse de forma tão perfeita. Foi fixada sem a ajuda de cola, soldadura ou outro qualquer material. O orifício não podia estar mais à medida.
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Peregrino do mundo - visitou 129 países ao longo do seu pontificado - João Paulo II será sempre lembrado como o ‘Papa de Fátima’, tendo participado em três peregrinações aniversárias (1982, 1991 e 2000). Natural da cidade polaca de Wadowice, trabalhou, durante a II Guerra Mundial, como operário nas minas e depois numa fábrica química. Em Outubro de 1942 entrou no seminário clandestino de Cracóvia. Foi ordenado sacerdote em 1946, criado cardeal em 1967 e eleito Papa em 16 de outubro de 1978. O nascimento da internet e a expansão dos meios de comunicação social, sobretudo da televisão, mercê do salto tecnológico das últimas décadas, mediatizaram a imagem João Paulo II e deram eco às suas palavras como nenhum outro pontífice antes. Sob o lema “Tous Tuus” (Todo Teu), o Papa das multidões dedicou especial atenção aos jovens, inspirando gerações a viverem uma vida de virtude e esperança.
Foi o criador das Jornadas Mundiais da Juventude, um dos acontecimentos mais importantes da Igreja Católica do nosso tempo, que reúnem em comunhão centenas de milhares de jovens de todo o mundo, como aconteceu na jornada de Lisboa.
Vítima da doença de Parkinson, partiu às 21h37 do dia 2 de abril de 2005, em sofrimento, após lenta agonia acompanhada por milhões de católicos do mundo todo. Apareceu em público pela última vez três dias antes, a 30 de março, à janela, na Praça de São Pedro. Tentou dizer algumas palavras, mas já não conseguiu.
O Papa João Paulo II bateu vários recordes. Realizou 104 viagens apostólicas e visitou 120 países. Um recorde absoluto que não será fácil de bater. O ano em que mais viajou foi 1982. Realizou sete viagens apostólicas, entre as quais a primeira que realizou a Portugal e a Fátima, em particular, para agradecer à Virgem o facto de lhe ter salvo a vida no atentado de 1981.
Nos primeiros séculos do cristianismo, era raro o papa que, após a morte, não fosse aclamado santo pelos fiéis. Na altura os santos faziam-se por aclamação popular. O crivo apertou quando, no século XII, o papa Inocêncio III determinou que a canonização passava a ser competência do pontífice. Mesmo assim, 83 papas foram canonizados, um total de mais de 30 por cento.
Não há uma data consensual em relação à independência de Portugal, mas só a última foi, de facto, internacionalmente reconhecida. A primeira foi da Batalha de São Mamede, em 24 de junho de 1128, a segunda foi o Tratado de Zamora, a 5 de outubro de 1143, mas a oficial foi a da exaração da bula Manifestis Probatum, pelo Papa Alexandre III, a 23 de maio de 1179.
João Paulo II visitou Portugal por três vezes. Nos dez dias que passou no nosso país, o pontífice polaco celebrou um total de nove eucaristias. Em 1982 celebrou Missa em Lisboa, Fátima, Vila Viçosa e Braga. Em 1991, celebrou duas missas nos Açores (Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, no Funchal e em Fátima e, em 2000, presidiu à Missa do 13 de maio em Fátima.
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