Paulo III entendeu que Miguel Ângelo era o artista certo para erguer a cúpula da grande basílica. Igreja usou a arte como elemento de combate ao protestantismo.
Paulo III entendeu que Miguel Ângelo era o artista certo para erguer a cúpula da grande basílica. Igreja usou a arte como elemento de combate ao protestantismo.
Se o objetivo era usar a arte como arma de combate ao recém-nascido movimento protestante, havia, então, que apostar num peso pesado para o culminar da construção da Basílica de São Pedro. Foi por isso que o Papa Paulo III se empenhou em convencer o maior de todos os artistas, Miguel Ângelo, apesar de este ter já mais de 70 anos de idade.
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Arquiteto, escultor e pintor, Miguel Ângelo Buonarroti (1475 - 1564) cedo se afirmou como um dos três pilares do movimento renascentista, a par de Leonardo da Vinci e Rafael. Com pouco mais de trinta anos, foi contratado pelo Papa Júlio II para pintar o teto da Capela Sistina. A obra, a todos os títulos monumental, teve um enorme impacto na época.
Apesar de se considerar mais escultor do que pintor, acabou por ser convidado para executar o “Juízo Final” no altar da Capela Sistina, já por Paulo III, em 1536.
E, assim, o pontífice entendeu que a genialidade do grande artista seria fundamental para conferir a necessária grandiosidade à cúpula da Basílica de São Pedro. E o resultado confirmou-o.
A construção da Cúpula começou sob a sua orientação e, apesar ter morrido, entretanto, a conclusão obedeceu aos modelos e esboços que havia elaborado.
A discussão, em Trento, 600 quilómetros a norte de Roma, já levava 16 anos e não havia meio de terminar. Até que, em 1562, chegou ao Concílio o arcebispo de Braga e primaz das espanhas, D. Frei Bartolomeu dos Mártires.
Após uma viagem de mais de três semanas, de burro, entre as romanas cidades de Braga e de Trento, o prelado, hoje São Frei Bartolomeu dos Mártires, chamou a si todas as atenções ao propor significativa melhoria na formação teológica dos sacerdotes, o que lhe valeu o título de fundador dos seminários.
Mas o santo português também se preocupou com a educação dos fiéis, afirmando no Concílio, que, enquanto pastor, sentia grande desconhecimento da doutrina por parte do povo. E apresentou ali um esboço de princípios a ensinar aos cristãos, o que lhe valeu o título de criador do primeiro catecismo.
Foram, portanto, relevantes os contributos portugueses na magna reunião, mas o Concílio de Trento, o mais longo e um dos mais importantes da História da Igreja, operou reformas bem mais marcantes do que a criação dos seminários e a elaboração do primeiro catecismo.
Quando, a 13 de dezembro de 1545 e tendo já cumprido dez anos de pontificado, Paulo III convocou o Concílio, estava longe de imaginar que o debate se estendesse por longas 25 sessões e demorados 17 anos.
O objetivo primeiro da magna reunião prendeu-se com o principal desígnio do pontificado de Paulo III: promover uma reforma interna da Igreja, dos regimentos e da doutrina, que permitisse combater o fulguroso crescimento do protestantismo. E a verdade é que, como a História veio a confirmar, as decisões tomadas no Concílio de Trento desempenharam um papel crucial na chamada Contrarreforma.
Do ponto de vista teológico, o Concílio confirmou o valor salvífico dos sete sacramentos (Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Santa Unção, Ordem e Matrimónio) e reafirmou a presença real de Cristo na Eucaristia.
Para além disso, defendeu que a tradição da Igreja e as Escrituras (Bíblia) têm a mesma autoridade na definição das chamadas leis de Deus e que as boas obras têm tanta importância como a fé para a salvação das almas.
Em termos de regimentos, ou seja, da disciplina, para além da criação dos seminários e da elaboração do catecismo, introduziu o Missal Romano, adotou medidas de combate a abusos diversos, como a venda de sacramentos e indulgências e reafirmou o celibato sacerdotal como prática obrigatória para os padres da Igreja Católica.
A reafirmação do celibato dos padres foi um dos aspetos mais relevantes no combate ao protestantismo, uma vez que os católicos apresentaram esse aspeto disciplinar como um sinal de desprendimento das coisas terrenas e dedicação total dos sacerdotes a Deus e à Igreja.
Sabe-se que o Papa Paulo III morreu a 10 de novembro de 1549, catorze anos antes da conclusão do Concílio. Mas não deixa de ser curioso o facto de a grande reunião que reafirmou o celibato sacerdotal ter sido convocada por um papa que, quando assumiu a cadeira de São Pedro, tinha quatro filhos (Constança, Pedro, Paulo e Rainúncio).
O segundo filho, Pedro Luís Farnésio, foi dos nobres mais importantes de Itália na época: o primeiro duque de Castro e também o primeiro duque de Parma. De resto, dois dos netos do Papa Paulo III fizeram carreira eclesiástica e chegaram a cardeais: Rainúncio e Alexandre (chegou a decano do Colégio de Cardeais).
O pontificado mais curto da história da Igreja foi o de Papa Urbano VII, que durou apenas 13 dias, de 15 a 27 de setembro de 1590. Ele faleceu devido a uma doença súbita, antes mesmo de ser oficialmente coroado. Nos últimos três séculos e meio, o pontificado mais curto foi o de João Paulo I, eleito em agosto de 1978 e que liderou a Igreja apenas por um período de 33 dias.
Não há dados rigorosos sobre o número de papas que deixou descendência, até porque, na maioria dos casos, os filhos eram ilegítimos e quase sempre não reconhecidos. Mas, nomeadamente nos séculos XV e XVI, houve cerca de uma dezena de papas a assumir a paternidade. Os casos mais conhecidos são os de Inocêncio VIII (1484–1492), Alexandre VI (1492–1503) e Paulo III (1534 - 1549).
João Paulo II, de nacionalidade polaca, eleito em 1978, foi o primeiro papa não italiano em 455 anos. O último não italiano tinha sido Adriano VI (era holandês), eleito em 1522. Ao longo da História, dos 266 papas da Igreja, 217 foram de nacionalidade italiana, um avassalador domínio de mais de 81 por cento.
A luta contra os infiéis e a libertação da cidade santa de Jerusalém tornou-se um dos grandes desígnios da Igreja Católica a partir de finais do século XI. A primeira cruzada foi convocada pelo Papa Urbano II em 1095. Nos dois séculos seguintes, até finais do século XIII, a Igreja Católica organizou mais sete cruzadas. A segunda cruzada, em 1147, ajudou D. Afonso Henriques a conquistar a cidade de Lisboa.
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