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Mulher de Bolsonaro teve avó presa por tráfico e tem tio preso por ligação à milícia

Presidente do Brasil afirmou que tudo é verdade, mas questionou o ganho jornalístico da reportagem.

17 de agosto de 2019 às 15:02

Uma reportagem da edição deste fim de semana da revista brasileira "Veja" espantou os cidadãos e abalou o mundo político ao revelar detalhes surpreendentes sobre a família de Michelle Bolsonaro, mulher do presidente Jair Bolsonaro, que, segundo o próprio presidente, "arrasaram" a primeira-dama por terem vindo a público.

Segundo a revista, Michelle Bolsonaro foi criada numa família ligada ao mundo do crime, tendo a avó, hoje com 79 anos, sido presa e condenada por tráfico de droga e, mais recentemente, o tio predileto da primeira-dama sido preso por fazer parte de uma organização criminosa armada que extorquía habitantes de uma favela da periferia de Brasília.

Foi nessa favela, a Sol Nascente, em Ceilândia, periferia pobre e muito violenta da capital brasileira, que a hoje primeira-dama do Brasil Michelle Bolsonaro foi criada pela mãe, Maria das Graças Firmo Ferreira, e pela avó, Maria Aparecida Firmo Ferreira.

Documentos conseguidos pela "Veja" mostram que a avó de Michelle, Maria Aparecida, cujo marido foi assassinado em 2015, foi presa em Julho de 1997, aos 55 anos, no centro de Brasília traficando droga e que cumpriu quase três anos de prisão na Penitenciária Feminina do Gama, outra localidade na periferia da capital do país.

A mãe da primeira-dama, Maria das Graças, já tinha tido problemas com a justiça anos antes, em 1988, quando a polícia descobriu que ela tinha, além dos documentos verdadeiros, documentos falsos, em que tinha alterado o local e a data de nascimento e o nome dos pais, só não tendo ido a julgamento porque a demora da tramitação do processo na justiça fez o crime de falsidade ideológica prescrever.

O mais recente episódio de problemas de familiares de Michelle Bolsonaro com a justiça ocorreu em Maio deste ano, quando o seu tio predileto, o sargento reformado João Batista Firmo Ferreira, foi preso por fazer parte de uma milícia que invade e loteia terrenos na favela Sol Nascente, extorque moradores e executa adversários.

A curiosidade pela família de Michelle Bolsonaro, sobre a qual ela não fala e quase não se sabia de nada, foi suscitada dias atrás, quando se descobriu que uma idosa de 79 anos que estava há três dias sem qualquer atendimento médico deitada numa maca num corredor de um hospital público de Brasília sofrendo dores horríveis depois de ter partido a bacia numa queda era ninguém menos do que a avó da mulher do presidente da República.

Nem a divulgação do sofrimento da avó fez Michelle aparecer no hospital, mas, não se sabe se por intercessão dela ou não, Maria Aparecida Firmo Ferreira um dia depois da reportagem foi transferida para outro hospital público e finalmente operada.

À imprensa, a idosa queixou-se do abandono da neta, que diz ter criado apesar das dificuldades, e assegurou não ver Michelle há seis anos e ter ficado magoada por não ter sido convidada para a cerimónia de posse do marido dela, Jair Bolsonaro, como presidente do Brasil, nem ter ainda sido convidada para conhecer o palácio onde o casal vive. A única pessoa da família de Michelle convidada para a posse foi o tio, o sargento agora preso por ligação à milícia que domina pelo terror a favela onde a família da primeira-dama do Brasil ainda vive.

Michelle, evangélica fervorosa, faz de tudo para aparecer publicamente como um exemplo de ser humano, de mulher e esposa, uma pessoa generosa que dedica o tempo à caridade e a ajudar os outros, o que contrasta com o abandono a que votou toda a família, independentemente dos erros que alguns familiares praticaram.

Jair Bolsonaro, claramente constrangido, afirmou a jornalistas ao sair de um evento em Brasília que tudo o que a "Veja" publicou é verdade, mas questionou o ganho jornalístico da reportagem e a quem interessaria denegrir a família da primeira-dama que, acrescentou, está profundamente arrasada por as mazelas da sua família terem caído no domínio público.

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