Volodymyr Zelensky responsabilizou a Rússia pela crise do gás na Europa.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, responsabilizou esta sexta-feira a Rússia pela crise do gás na Europa e apelou à União Europeia para coordenar a resposta com a Ucrânia, de acordo com declarações à agência noticiosa AFP.
A Europa, com um terço do gás que consome proveniente da Rússia, está confrontada com um aumento dos preços desta matéria-prima na sequência do aumento do consumo com a retoma económica, e após a melhoria da situação epidémica relacionada com a covid-19.
"Existe uma efetiva agressão gasífera contra a União Europeia", sublinhou, num dia em que os chefes de Estado e do Governo dos 27 estão reunidos em Bruxelas.
"Espero que os países da UE entendam a necessidade sem precedentes de concretizar esforços comuns, que o respeito pelas regras europeias é o único meio de preservar a independência energética europeia. E aqui, a Ucrânia tem algo a oferecer", sustentou.
Segundo Zelensky, a Rússia, ao recusar aumentar as suas entregas, favorece a penúria e o aumento dos preços do gás para obter a ativação do novo gasoduto submarino que liga a Alemanha à Rússia através do mar Báltico, o Nord Stream 2.
A Ucrânia, que cobra taxas de trânsito de gás russo em direção à Europa, opõe-se à ativação deste gasoduto, que evita território ucraniano, mas ainda dependente da anuência de um regulador alemão.
Este projeto tem o apoio de poderosas capitais europeias, com destaque para Berlim, mas outros países consideram que este gasoduto vai implicar mais dependência europeia face a Moscovo, que poderá utilizá-lo como arma energética. A atual crise gasífera seria a primeira manifestação dessa intenção.
"A Rússia quer forçar a Europa a lançar o Nord Stream 2 sem respeitar as regras europeias", considerou Zelensky numa referência a esta infraestrutura com capacidade de exportação anual de 55 mil milhões de metros cúbicos.
Nas declarações exclusivas à AFP, Zelensky propôs um aumento imediato do fornecimento de gás através das redes ucranianas.
"As capacidades de bombagem de gás através da Ucrânia são suficientes não apenas para normalizar a situação, mas também para proteger a Europa de um choque tarifário nos próximos anos".
Nesse sentido, também propôs "condições de armazenamento muito favoráveis" nas suas infraestruturas subterrâneas e uma "simplificação" do trânsito.
No total, assegurou poder garantir o trânsito de 19 mil milhões de metros cúbicos até ao final de 2021.
"A proposta da Ucrânia é absolutamente transparente e muito eficaz (...) caso a Rússia disponibilize mais gás, a Ucrânia garantirá o seu trânsito em direção à Europa", disse ainda Zelensky.
O líder ucraniano assinalou ainda que o gigante do gás russo Gazprom disponibiliza atualmente 85 milhões de metros cúbicos de gás por dia através da rede ucraniana, quando há dois anos a quantidade diária atingia os 300 milhões de metros cúbicos.
A Rússia desmente qualquer medida de chantagem dirigida à UE, e pelo contrário acusa a Comissão Europeia de ter ficado armadilhada pela sua própria política.
Um conjunto de fatores reduziu a oferta, provocando o aumento dos preços para níveis nunca registados.
Na Europa, o armazenamento de gás está no nível mais baixo, motivado por um prolongado inverno em 2020 e que ainda não foram reabastecidos apesar da retoma da atividade económica pós-pandemia. A este fator junta-se uma reduzida contribuição das energias renováveis, como a eólica, por motivos meteorológicos.
Segundo Moscovo, a UE privilegiou nos últimos anos as compras em dinheiro neste mercado, sujeito a flutuações de preços, em detrimento da assinatura de contratos a longo prazo com a Gazprom.
A Rússia assegura pretender disponibilizar mais gás, mas deseja um regresso à prática dos acordos plurianuais.
Na noite de quinta-feira, o Presidente russo Vladimir Putin criticou a "filosofia da Comissão Europeia", que na sua perspetiva está convencida que os mercados energéticos "são regulados através da bolsa".
Apelou ainda à rápida ativação do Nord Stream 2, quando a Ucrânia, um dos países mais pobres da Europa e inimigo da Rússia, se arrisca a perder uma fonte crucial de rendimentos.
Kiev é aliado dos ocidentais que sancionaram Moscovo pela anexação da Crimeia em 2014 e pelo apoio aos separatistas pró-russos do leste do país, em rebelião desde há sete anos contra as tropas de Kiev.
Ainda esta sexta-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e Moldávia, Dmitro Kuleba e Nicu Popescu abordaram a segurança energética dos dois países face à crise do gás e a futura entrada em funcionamento do Nord Stream 2.
"Um tema importante das conversações foi a segurança energética dos nossos Estados. Proporcionámos alguma assistência à Moldávia e vamos continuar a cooperar no fornecimento de gás", afirmou Kuleba em conferência de imprensa.
Em paralelo, o parlamento moldavo aprovou esta sexta-feira o pedido do Governo para a instauração do estado de emergência no país devido à crise do gás, e quando as necessidades do pequeno país para setembro apenas estão cobertas em 67%.
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