Maria Luís Albuquerque e o seu colega grego Yanis Varoufakis são, afinal, mais iguais do que se diz. Em cima do cavalo do poder, revelam idêntica falta de sensibilidade. Não se enxergam no que dizem ou mostram, desrespeitam os cidadãos e desprezam a democracia. Com um estilo petulante aviltam o exercício de cargos públicos que exigem espírito político humanista, com sensibilidade e bom senso.
Deixamos para os gregos o juízo sobre as fotos ‘people’ do casal Varoufakis de copo de branco na mão e o dedo em riste para a Alemanha pelo professor de Finanças no Texas. O problema dos portugueses é com a sua ministra da Finanças, que puxa pela malta do partido com os "cofres cheios". O simples conhecimento da voracidade das clientelas partidárias pelos dinheiros públicos exigia uma absoluta contenção e muito cuidado com as palavras. A menos que Maria Luís Albuquerque se queira transformar em Maga Patalógica a incentivar uma horda de Irmãos Metralha a tomar conta dos ‘cofres cheios’, numa edição pós-morte do Tio Patinhas.
Há outras palavras, muito diferentes de sentido e conteúdo, para anunciar um governo sensato das finanças públicas. Proclamar "cofres cheios" quando os portugueses estão de bolsos vazios e, em muitos casos, em situações de carência, só pode ser insensatez. Fazê-lo, como aconteceu em Pombal, numa sessão da JSD intitulada ‘Portugal nas tuas mãos’, raia a pornografia da petulância. Ficou nua a insensibilidade da ministra.
Os "cofres cheios" são resultado de um enorme esforço dos portugueses que aguentaram cortes nos vencimentos e um confisco fiscal nos salários que deixou a economia portuguesa de rastos. O contributo de Maria Luísa Albuquerque foi amendoins (‘peanuts’, como se costuma dizer). A sua petulância é uma reedição insuportável de uma doença crónica dos políticos em Portugal, com exemplo mais grave no estilo José Sócrates.
Esta semana, nos EUA, um promissor congressista do partido republicano, Aaron Schock, de 33 anos, membro da Câmara dos Representantes em Washington, eleito por uma zona do Illinois, foi forçado a demitir-se por gastos insensatos na decoração do seu gabinete e despesas com viagens e jantaradas. Era este caso, e não falar de "cofres cheios", que devia ser esmiuçado perante jovens, do PSD ou de outro partido, com vontade de servir Portugal na política.
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