Todos os anos a editora britânica Oxford University Press, que edita entre outros o famoso Dicionário Oxford de Língua Inglesa, escolhe a palavra do ano. A de 2025, após um inquérito a mais de 30 000 pessoas, não é uma só palavra, mas sim uma locução de duas: "rage bait", que significa literalmente "isco de raiva". O conceito é definido pelos editores do Dicionário como um "conteúdo online frustrante, provocador ou ofensivo, deliberadamente criado para provocar raiva ou indignação, sendo, em geral, publicado com o objectivo de aumentar o tráfego ou a fidelização a uma página web ou a um conteúdo específico das redes sociais". Já tínhamos o "click bait", ou isco de cliques, o uso de títulos sensacionalistas, imagens exageradas ou promessas enganosas para atrair tráfego para um site. Mas as palavras recentemente selecionadas representam bem os tempos que correm de grande polarização: trata-se de clicar movido por emoções negativas. Os candidatos a donos da nossa atenção – um dos nossos bens mais preciosos, sem que lhe demos o devido valor – não hesitam em apelar aos nossos instintos mais primários para desinformar e ganhar dinheiro. A World Wide Web foi criada em 1989 no CERN, o Centro Europeu de Investigação Nuclear, em Genebra, na Suíça, para assegurar a colaboração entre cientistas. Tornou-se, porém, nos dias de hoje num instrumento de ódio e confronto. Um meio tecnológico que poderia contribuir para a paz e cooperação mundiais serve afinal para gerar antagonismos e acender guerras ideológicas, que são o prelúdio de guerras a ferro e fogo.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
Palavra do ano representa bem os tempos que correm de grande polarização.
O nosso sucesso no futebol excede largamente os resultados que obtemos noutras áreas, como a ciência.
Se o mundo imitasse a China, o nosso futuro climático estaria mais risonho.
O recente truque jurídico não faz mais do que confirmar a condenação política do antigo primeiro-ministro.
A Rússia vai ganhar a guerra? A democracia pode fazer milagres.
A novidade é a forte queda de Gouveia e Melo, que ainda há duas semanas liderava a sondagem.
O Correio da Manhã para quem quer MAIS
Sem
Limites
Sem
POP-UPS
Ofertas e
Descontos