A controvérsia da TAP tem sido muito estimulante para percebermos como funciona o Estado e o Governo. Na síntese possível, ficámos a saber, até agora, que assuntos tão sensíveis como rescisões de contratos e indemnizações milionárias se resolvem por mensagens de WhatsApp. Também nos foi dito que é possível a uma empresa do setor empresarial do Estado não passar cartão à Direção-Geral do Tesouro ou a outras entidades.
Fomos esclarecidos que os administradores financeiros podem mentir descaradamente, sem consequências, e que a Inspeção-Geral de Finanças tem um problema insanável com as línguas estrangeiras, permitindo-se ouvir os envolvidos nos seus processos por escrito. Claro que ficámos igualmente instruídos sobre a elasticidade interpretativa do Governo, dos seus decisores políticos e técnicos, em matéria legislativa. Em termos tais, aliás, que exaltam o brilho da solução encontrada, nada importando se for ilegal. Por fim, que foi possível a um ministro fazer-se ignorante sobre o tema, depois esquecido, quando, afinal, sabia de tudo.
E a outros dois fazerem um despedimento de legalidade mais do que duvidosa, pela televisão. A ‘presidente-já-despedida’ da TAP foi ontem ao Parlamento dizer que é um bode expiatório mas, pelo caminho que as coisas levam, somos nós, portugueses, os imensos bodes expiatórios da leviandade e da incompetência políticas.
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