"São sempre situações lamentáveis, mas são situações que infelizmente aconteceram", referiu, indicando que "nenhum hospital" recusou receber as grávidas.
A Comissão Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente considerou esta segunda-feira que as duas grávidas que perderam os bebés nas últimas semanas tiveram a "assistência que era necessária", lamentando as situações.
"Em termos dos dados que temos, em termos de assistência, a assistência que era necessária foi prestada", disse o presidente da comissão, Alberto Caldas Afonso.
O pediatra falava à Lusa depois de a comissão ter estado reunida no domingo para discutir os casos de uma grávida do Barreiro que foi encaminhada para o Hospital de Cascais e de uma mulher que perdeu o bebé depois de ter sido assistida em cinco hospitais.
"São sempre situações lamentáveis, mas são situações que infelizmente aconteceram", referiu, indicando que "nenhum hospital" recusou receber as grávidas.
De acordo com Caldas Afonso, a orientação sobre descolamento maciço de placenta "foi feita corretamente" na situação da grávida do Barreiro que perdeu o bebé depois de ter sido encaminhada para o Hospital de Cascais, na semana passada.
"São situações completamente imprevisíveis e às quais está associada uma elevada mortalidade em todo mundo. Foi o que aconteceu na segunda situação. Na primeira situação, estão perfeitamente validadas as idas aos cincos hospitais", disse.
"Super bem orientada, a mãe entra no Hospital Santa Maria [Lisboa] com o feto com o traçado perfeitamente normal sem nenhum sinal de risco. E aconteceu que (...) um parto normal pode tornar-se num parto supercomplicado e supergrave", explicou.
O presidente da comissão acrescentou que, no caso registado em 22 de junho, o "bebé entrou subitamente em sofrimento fetal".
"Um descolamento maciço da placenta é uma coisa perfeitamente imprevisível (...). A primeira situação seria um parto normal. (...) No decorrer do parto há um processo de asfixia aguda, que levou a um parto instrumentado através de uma cesariana", vincou.
O médico salientou que, devido à escassez de recursos humanos, na região norte de Setúbal "tem de haver uma resposta partilhada" da urgência de ginecologia e obstetrícia.
"Os constrangimentos (...) penso que estão a acabar... a começar a ser complemente ultrapassados. E penso, pelos dados que vamos sabendo, que a partir de setembro que isso está perfeitamente assegurado. O [Hospital] Garcia de Orta vai estar sempre aberto. Este é um caminho que se tem de percorrer. Vamos tentar fazê-lo mais cedo, porque não há nenhuma razão, com isso a funcionar, para que nenhuma grávida tenha de atravessar a ponte", observou.
O clínico justificou ainda as dificuldades em garantir o funcionamento das urgências de ginecologia e obstetrícia com a incapacidade de captar obstetras, defendendo a criação de incentivos que evitar que estes profissionais abandonem o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Nós não temos obstetras. Temos de os saber motivar. Para isso, a questão do pagamento é fundamental", disse, indicando que, segundo a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a "autorização está dada" e que são incentivos que "vão possibilitar fixar mais pessoas".
A Comissão Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente identificou também "sérios problemas" na urgência do Hospital de Vila Franca de Xira, que "tem um número muito reduzido de profissionais", e no Hospital de Braga, por causa do modelo de gestão.
"As pessoas tinham um sistema remuneratório que era atrativo, porque é para aí que temos que caminhar, não vale a pena. Não é questão de pôr o nome PPP [parceria público-privada]. Se não for assim, as pessoas, tendo alternativa, saem", sublinhou.
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