"Nada nos documentos que temos aponta para a natureza étnico racial", afirmou André Ventura.
O Chega anunciou esta quarta-feira que vai pedir esclarecimentos à Polícia Judiciária e à Procuradoria-Geral da República sobre o porquê de ter sido divulgado que o suspeito de ter efetuado disparos contra uma família sueca em Moura teria motivações raciais.
O presidente do Chega, André Ventura, falava aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa, a propósito da recente detenção pela Polícia Judiciária (PJ) de um homem, de 53 anos, candidato eleito nas autárquicas pelo Chega na Junta de Freguesia de Póvoa de São Miguel, concelho de Moura, em Beja, suspeito de ter efetuado disparos com arma de fogo contra uma família sueca, "aparentemente por ódio racial".
"O Chega vai pedir à Direção Nacional da Polícia Judiciária (PJ) que, através de um inquérito interno, se possa desvendar o porquê de ter sido divulgada esta informação e também à Procuradoria-Geral da República para poder perceber de onde e porque é que sai uma informação, que aparentemente é falsa, porque não consta em nenhum documento judicial ou formal, sobre a natureza étnico racial deste processo", declarou o deputado.
O deputado disse que durante o fim de semana o partido reuniu e cruzou informação sobre a ocorrência e esta terça-feira teve acesso "ao mandado de detenção assinado pela autoridade de polícia criminal, onde em nenhum momento deste mandato de detenção se refere ao ódio racial".
"Tanto quanto pude apurar também, e com fontes bastante próximas deste processo, durante os vários atos processuais que se levaram a cabo, nomeadamente aquele que levou à aplicação da medida de coação de termo de identidade e residência, o arguido, que foi candidato pelas listas do Chega, nunca foi confrontado, nem pela PJ, nem pelo Ministério Público, nem pela autoridade judiciária, das motivações raciais deste crime ou do seu caráter xenófobo ou de natureza étnica", acrescentou.
Para Ventura, "alguém procurou aproveitar-se de um crime para imediatamente lançar suspeita sobre o partido e sobre as suas motivações".
"Este crime pode ter tido muitas motivações, contornos e desenlaces e até contornos que não conhecemos hoje, mas nada nos documentos que temos aponta para a natureza étnico racial", sustentou.
Questionado sobre o que pensa sobre um cidadão que dispara sobre uma carrinha, independentemente das motivações, Ventura respondeu que "essa é outra parte da questão" e é "muito simples".
"Da nossa parte ficou claro: a partir do momento em que tivemos indícios de um crime que foi cometido com esta gravidade, esperaremos para ver a sua responsabilidade ou não, pedimos [ao indivíduo] que retirasse e que renunciasse ao seu mandato porque não estava em condições de representar os cidadãos - assim fez, já renunciou e já não representa o Chega neste órgão", disse.
Quanto a consequências disciplinares, Ventura explicou que estas não são possíveis uma vez que o indivíduo em causa "não é militante do Chega".
Esta segunda-feira, contactada pela agência Lusa, fonte do partido liderado por André Ventura revelou que Vítor Ramalho, candidato eleito pelo Chega nesta junta de freguesia do concelho de Moura, nas autárquicas de 26 de setembro, renunciou ao mandato.
Em comunicado divulgado no sábado passado, a PJ indicou que o suspeito de ter efetuado os disparos com arma de fogo foi detido por existirem "fortes indícios" da prática do crime de homicídio qualificado na forma tentada.
Segundo a PJ, as vítimas são um casal de cidadãos suecos e sete filhos menores, com idades entre os 11 anos e 3 meses, cujo "veículo de passageiros onde seguiam adaptado a caravana" foi "atingido com disparos de arma de fogo".
A agressão, adiantou a PJ, ocorreu na tarde de 08 de outubro e foi "perpetrada na sequência de contenda ocorrida momentos antes, aparentemente determinada por ódio racial".
"Após a altercação com o elemento do género masculino do casal, o suspeito perseguiu a viatura onde seguiam as vítimas, executando o crime assim que se mostrou oportunidade", referiu.
De acordo com a PJ, após a agressão, o suspeito "abandonou o local" e esforçou-se por "ocultar das autoridades objetos e veículos utilizados" na sua execução.
Na sequência de "trabalho de investigação", sublinhou, foram "recolhidos relevantes elementos probatórios que conduziram à cabal identificação do suspeito e ditaram a emissão de mandados de detenção fora de flagrante delito".
Após o primeiro interrogatório judicial, ao arguido foram aplicadas medidas de coação que não passaram pela detenção.
No sábado, o presidente do Chega, André Ventura, condenou a prática de "quaisquer crimes que envolvam ataques contra a vida ou integridade física" do ser humano e sublinhou que o partido não defende "o ódio racial".
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