Entenda a semelhança com adições como o álcool e o tabaco.
A maioria das pessoas sente desejo por determinada comida algumas vezes. Os alimentos altamente processados e com elevadas quantidades de açúcar, por exemplo, fazem com que os consumidores queiram comê-los muitas vezes; mas será correto considerar isto um vício?
O tema é controverso, havendo quem considere que o termo "vício" deve ser reservado apenas para questões de abuso de substâncias, como o álcool e drogas ou medicamentos, explica o
Apesar da existência de comunidades como os "Comedores Compulsivos Anónimos", que seguem programas de tratamento com passos semelhantes aos dos Narcóticos ou dos Alcoólicos Anónimos, a perturbação de dependência alimentar não consta da lista do manual DSM-5 da APA, a American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria).
Para cumprir os critérios de Abuso de Substâncias no DSM-5, foi criada a Escala de Dependência Alimentar de Yale, validada como uma ferramenta para identificar padrões alimentares que se assemelham ao vício do álcool e das drogas. A escala foi atualizada pela última vez em 2016.
Para avaliar a potencial existência deste vício, é importante perceber como as pessoas afetadas se sentem. "Na minha experiência, algumas pessoas afetadas consideram o termo 'dependência alimentar' validador, fortalecedor e útil para a sua recuperação", afirma, ao
, Anne Marie O’Melia, diretora médica e clínica do Eating Recovery Center, nos EUA.
Anne Marie diz temer que a falta de consenso e de definições claras possa alimentar um pensamento rígido de 'tudo ou nada'. Para a especialista, a dependência alimentar não é o melhor termo, mas é justo dizer que a comida pode provocar comportamentos semelhantes aos da adição. Parte da controvérsia em torno do termo "vício alimentar" também passa pelo facto de as pessoas pensarem que esta utilização minimiza o vício das drogas.
Por outro lado, a psicoterapeuta Teralyn Sell, diz que é justo chamar as coisas pelos nomes. "Se não consegue parar de comer alguma coisa, come demais, fica ansioso sobre comer alguma coisa, ou não consegue abster-se de comer, sentindo-se enjoado ou com desequilíbrio de açúcar no sangue, isso é um vício", diz ela.
Na tentativa de determinar se dependência alimentar é o termo correto, alguns cientistas examinaram o cérebro de quem diz ser vítima do vício.
"Pode ser que, para algumas pessoas, o consumo de altos níveis de alimentos processados e altamente palatáveis desencadeie uma mudança nas mesmas vias de recompensa que são impactadas no cérebro quando se desenvolve um vício numa droga", diz O’Melia à mesma fonte. Nestes casos, os alimentos iluminam os centros de recompensa do cérebro e estimulam a atividade dos neurotransmissores, como a dopamina e as endorfinas.
Um estudo de 2020 lista a libertação de dopamina como um paralelo entre indivíduos com dependência alimentar e perturbação por uso de tabaco, e um estudo de 2021, com 150 participantes, indica que indivíduos com dependência alimentar alteraram funções do circuito de recompensa do cérebro, servindo como uma prova a favor da determinação do vício alimentar.
A investigação de 2021 sugere que os alimentos altamente processados são melhores no desencadeamento de sistemas neurais relacionados com a recompensa do que os alimentos menos processados, comparando estes alimentos com substâncias viciantes.
Anne Marie O’Melia diz que a investigação ainda está no início e a psicologia da dependência alimentar ainda está em debate.
Como referiu Teralyn Sell, embora as pessoas possam contestar se "vício alimentar" é o termo correto, os indivíduos podem ter hábitos alimentares que desejam mudar. E merecem compaixão e ajuda. Os especialistas partilham que superar os hábitos alimentares compulsivos será diferente para cada pessoa, mas pode incluir tratamento e aconselhamento nutricional personalizado que não se centra na perda de peso e na força de vontade.
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