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Empresas portuguesas afetadas pelas manifestações em Moçambique já se reergueram

Embaixador português no país diz que "já se virou a página" após manifestações pós-eleitorais.

30 de outubro de 2025 às 08:56

O embaixador português em Moçambique afirma que as empresas portuguesas já se reergueram após a crise e vandalizações das manifestações pós-eleitorais, que começaram há um ano, adiantando que Portugal espera "propostas concretas" do diálogo político para reformas.

"Temos relatos de empresas que foram vandalizadas, mas creio que na sua grande generalidade já se virou a página neste momento. As empresas conseguiram reerguer-se, recuperar as suas atividades e estão neste momento a olhar para o futuro. Nós olhamos para o futuro com muita expectativa e com muita esperança, porque acreditamos em Moçambique", disse o embaixador português em Moçambique, Jorge Monteiro, em declarações à Lusa, em Maputo.

Em março, o Governo português tinha avançado estar a estudar mecanismos para apoiar empresas de capitais portuguesas vandalizadas nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique, após o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, reunir, em Maputo, com pelo menos cinco empresários que viram as suas propriedades vandalizadas.

Esta quinta-feira, o embaixador português, que assumiu oficialmente funções em setembro, disse que Moçambique viveu um "período muito difícil" após as eleições de outubro de 2024, que afetou igualmente a comunidade internacional residente no país, incluindo portugueses, indicando que se acompanha um "novo ciclo político" do país com esperança.

"Saudamos muito e estamos muito atentos ao espírito reformista que este Governo tem vindo a dar mostras de querer empreender, acreditamos que essas reformas são necessárias e essas reformas poderão contribuir para o novo dinamismo económico, na criação de emprego, de oportunidades para os mais jovens", disse Jorge Monteiro.

O diplomata prometeu apoio contínuo de Portugal no âmbito do diálogo político em curso em Moçambique que visa reformas, com a auscultação nacional em curso, referindo que este é o caminho para "evitar situações como aquelas que se viveram no seguimento às eleições se voltem a verificar".

"Neste momento o processo está a decorrer e nós estamos a acompanhar. Portugal, a União Europeia e a comunidade internacional em geral acompanha atentamente a evolução deste processo e estamos ainda na fase de diálogo, da auscultação", disse Jorge Monteiro.

"Acredito que haverá um momento em que serão apresentadas as conclusões e creio que os moçambicanos em primeiro lugar esperam ambição deste processo, que saiam daqui propostas concretas que permitam introduzir reformas de que o país precisa para enfrentar os desafios do futuro com outra força, capacidade de inclusão de todas as tendências e setores da sociedade e que, no fundo, inspire confiança aos cidadãos moçambicanos", concluiu o diplomata.

A violência em Moçambique eclodiu a partir de Maputo, em 21 de outubro de 2024, dois dias após o duplo homicídio do advogado Elvino Dias e de Paulo Guambe, apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane.

O Conselho Constitucional proclamou, em 23 de dezembro, dois meses e meio após a votação, Daniel Chapo como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos nas eleições gerais de 09 de outubro, seguindo-se Venâncio Mondlane, com 24%, mas que nunca reconheceu os resultados.

A plataforma eleitoral Decide, organização da sociedade civil que monitoriza os processos eleitorais avançou este mês, num balanço final, que a agitação social terá provocado 411 mortos e mais de 7.200 detidos.

Daniel Chapo e Venâncio Mondlane reuniram-se em Maputo, pela primeira vez desde as eleições, em 23 de março, e no dia seguinte o ex-candidato presidencial apelou ao cessar da violência, não se tendo registado casos de agitação social associados à contestação eleitoral desde então.

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