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Com Deus Ronaldo os milagres são possíveis

Só Cristiano Ronaldo está à altura do desafio de ser campeão do Mundo. Temos mais três ou quatro jogadores de classe, nada mais.

16 de junho de 2018 às 01:30

Já não chega chamar-lhe rei. Este Ronaldo da Rússia atinge a dimensão de Deus. Deus Ronaldo. Um gigante entre pequenas criaturas tementes aos seus dotes, poderes e humores. Não há nuvem como a de um Mundial para se cunhar uma lenda. Este jogo com a Espanha coloca Ronaldo no altar mais elevado desta religião global.

Ronaldo atingiu a imortalidade. Três golos num jogo maravilhoso, no qual Portugal deixa claras as suas imensas fraquezas, perante uma Espanha que só treme se pressionada ainda no seu meio-campo. A maioria dos nossos titulares não teria um lugar nos 23 de Espanha. Porém, com a crença, classe e liderança de Ronaldo, quem vai lembrar-se das faltas de classe e maturidade de Gonçalo Guedes, das faltas de peso e estoicismo de Bernardo Silva, da falta de pernas de Moutinho e até de Pepe? Quem irá lembrar-se de outra coisa se não de Ronaldo a pairar imperial sobre os céus da Rússia?

Com estes três golos sobre a Espanha, Ronaldo faz mais pela imagem de Portugal, enquanto Nação soberana, do que todos os discursos de Marcelo Rebelo de Sousa em todos os 10 de Junho dos seus dois afetuosos anos de mandato.

Portugal está na frente do marcador desde os 4’, quando Ronaldo arranca um penálti a Nacho e marca exclamativo sobre um De Gea provocador. De Gea fixou o olhar em Ronaldo junto à marca de penálti. Vai pagar cara a ousadia.

Em vantagem, Portugal aceita a superioridade espanhola e lança contra-ataques terríveis. Num, aos 22’, Guedes desperdiça o 2-0. A noite está de Ronaldo e de mais nenhum descendente de D. João II. Logo de seguida a Espanha empata, com Diego Costa a acotovelar Pepe antes de rematar para golo.

O domínio espanhol acentua-se. Portugal não consegue ter bola. Isco remata à barra, a bola desce mas a sorte dita que não entre. Antes do intervalo, o castigo ao iconoclasta De Gea: Ronaldo remata forte, mas à figura. De Gea põe mal as mãos e entrega um cisne alado, que Ronaldo não merece menos.

Na segunda metade, de novo o domínio espanhol. Portugal com várias peças sem classe para segurar a bola. Aos 55’, a Espanha empata naturalmente, com uma bola parada a sobrevoar a área e Busquets a recruzar para novo golo de Diego Costa. Logo depois, a Espanha coloca-se a vencer pela primeira vez, com um bom remate de Nacho.

Todos os dedos já apontam a Espanha vencedora, quando Ronaldo arranca uma falta frontal a Piqué. O livre é um momento sublime. Ronaldo fecha e reabre os olhos, parte para a bola e dita a alegria para o Povo com um extraordinário remate ao ângulo.

Árbitro

Corajoso

Poderá falhar na análise ao cotovelo de Diego Costa na cara de Pepe. Mas é de coragem marcar um penálti à poderosa Espanha, logo no início do jogo. No balanço, dignificou a arbitragem com uma elevada percentagem de boas decisões. 

Mais

Um gigante rodeado de anões

Ronaldo não deixa espaço para outros elogios. Nem os seus colegas conseguem fazer por os merecer. Vamos esperar que a equipa cresça nos próximos jogos. Agora, a impressão que fica é muito negativa. Assim como se um gigante andasse pelo campo rodeado de anões. 

Menos

Guedes nunca entrou no jogo

Guedes e Bernardo Silva são os que mais precisam de crescer. Péssimos jogos! Em especial o de Gonçalo Guedes. O jovem avançado podia bem ficar a jogar até de manhã que nunca entraria no jogo. Há dias assim. É preciso analisar o que correu mal e melhorar. Melhorar muito. Ou não iremos longe.

"Nunca virámos a cara à luta"

Com os três golos marcados à Espanha, Cristiano Ronaldo tornou-se no quarto jogador a marcar em quatro Mundiais seguidos (depois do brasileiro Pelé e dos alemães Seeler e Klose), e igualou Puskas como o segundo melhor goleador por seleções, com 84 golos.

"Acredito sempre em mim, trabalho para isso, mas quero frisar a resposta da equipa. Estávamos em desvantagem e nunca virámos a cara à luta", disse no final do jogo.

"O empate é justo. A Espanha teve a posse de bola, mas Portugal teve boas oportunidades. Foi um resultado bom para nós. A equipa sacrificou-se bastante. Jogámos contra uma das favoritas. Vamos acreditar até ao fim", disse ainda o capitão da seleção.

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