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Partido Liberal oficializa recandidatura de Bolsonaro à presidência

Desde a redemocratização do Brasil, em 1985, é a primeira vez que um presidente candidato à reeleição não está na liderança das sondagens.

24 de julho de 2022 às 14:55

O Partido Liberal, o décimo a que ele já se filiou na sua trajectória política, oficializou este domingo durante convenção no Rio de Janeiro a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição nas presidenciais de Outubro próximo. A convenção descorreu no Ginásio Maracanãzinho, zona norte da cidade, com portas abertas.

A candidatura foi aprovada através de uma votação virtual na plataforma do partido. Após os resultados, Bolsonaro foi chamado ao palco, onde subiu ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O presidente brasileiro pegou no microfone e, após uma curta passagem bíblica sobre o valor da "mulher virtuosa", deu o microfone para Michelle abrir o discurso, revelou O Globo.

"Vocês estão aqui a apoiar um projeto de libertação da nação. Há quatro anos, passámos por essa experiência e não tínhamos ideia do que íamos enfrentar, não tínhamos ideia do que estava para vir. Como falei ontem, quando cheguei e vi o meu marido na maca [em fala sobre a 

], eu olhei para o teto do hospital e falei ‘o senhor tem controlo de todas as coisas’. (…) Esta nação é rica, é próspera. Ela só foi mal administrada. Deus ama essa nação", disse a primeira-dama.

"Quando se fala em poder do povo, alguém acha que o povo cubano não quer a liberdade? Tem? Não. Como chegar a esse ponto? Através de escolhas erradas (…) A nossa missão é não atrapalhar a vossa vida. É, cada vez mais, tirar o estado que está em cima de vocês. Estado forte, povo fraco. Povo forte, estado forte", disse, de seguida, Bolsonaro.

Inicialmente, o Partido Liberal tinha aberto a distribuição de bilhetes de entrada na convenção através da internet, mas descobriu que perfis críticos a Jair Bolsonaro tinham conseguido adquirir a maioria das entradas, com a clara intenção de não comparecer e, dessa forma, esvaziar o evento. O PL cancelou então essa distribuição e decidiu abrir as portas da convenção, permitindo a entrada de quem quiser, por ordem de chegada.

No acto, foram exibidos vídeos com a trajectória pessoal e política de Bolsonaro, com ênfase nos tempos em que ele foi militar e no episódio da facada que sofreu em Setembro de 2018, em Juiz de Fora, durante uma caminhada da campanha eleitoral que o levou à presidência. 

Desde a redemocratização do Brasil, em 1985, é a primeira vez que um presidente candidato à reeleição não está na liderança das sondagens. Todos os outros presidentes que disputaram a reeleição foram reeleitos, mas Jair Bolsonaro corre um sério risco de não o conseguir, surgindo na disputa, segundo o Instituto Datafolha, em segundo lugar, com 29% das intenções de voto, contra 46% do actual líder, o ex-presidente Lula da Silva, que, a depender das circunstâncias, poderá até ser eleito já na primeira volta, dia 2 de Outubro.

Os responsáveis pela campanha de Jair Bolsonaro têm travado uma luta, até agora inglória, para ele moderar o tom, deixar de atacar o sistema eleitoral e o Supremo Tribunal Federal, seus alvos quase diários, o que o aproxima ainda mais dos sectores mais extremistas da sociedade brasileira mas o afasta da maioria da população, tradicionalmente moderada. Mas, aconselhado pelo chamado núcleo duro que o rodeia no Palácio do Planalto, sede da presidência, e, principalmente, pelo filho Carlos Bolsonaro, o mais radical de todos, Bolsonaro aumentou nos últimos dias os ataques às urnas electrónicas, ao Tribunal Superior Eleitoral, que acusa de conspiração para o derrotar, e reiterou ameaças de dar um golpe de Estado se não for reeleito.

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