Um dos princípios seguidos pelo velho Doutor Homem, meu pai, era o de esperar pouco da vida e, portanto, de não aborrecer muito o seu próximo. Talvez por isso cansavam-no bastante os virtuosos, os que tinham vários remédios para a pátria e os de pele demasiado pálida, refractários à luz do sol. Quase todos eram admirados pelas tias da família, umas senhoras que gostavam de fornecer exemplos de superioridade moral para amedrontar os homens do clã, conhecidos por serem um bando pouco recomendável que ganhou fama nos restaurantes da Galiza, nos repertórios de valdevinos regionais e na evocação do passado. Mesmo assim, nos almoços do casarão de Ponte de Lima – à cautela – elas conservavam-nos à distância: com o andar da conversa tornavam-se aborrecidos e incapazes de as fazerem corar com um episódio, uma história, um devaneio, uma observação sobre o pudim à abade de Priscos, uma picardia sobre o estado das coisas.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
Começava por visitar timidamente o seu guarda-roupa de Outono.
Não tive de me incomodar com obrigações matrimoniais.
A surdez das velhas gerações é frequentemente subvalorizada.
Com a idade queremos alguns luxos no meio da Natureza.
O essencial era que o género humano era um mistério
O passado vem ter connosco, mesmo com a bênção do iodo do Alto Minho.
O Correio da Manhã para quem quer MAIS
Sem
Limites
Sem
POP-UPS
Ofertas e
Descontos