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Luciano Amaral

Luciano Amaral

Professor universitário

Caracas-no-Tejo

26 de setembro de 2016 às 00:30

Uma pessoa tem dúvidas se, pelo que vem fazendo, o PS continua a fazer parte daquela família de partidos moderados que deram vida às democracias ocidentais, incluindo a portuguesa.

Começa no ‘caso Mortágua’. Que uma deputada do BE diga que ‘temos de perder a vergonha de ir buscar a quem está a acumular dinheiro’ não tem nada demais. O BE é um aglomerado de partidos comunistas (de tendência trotskista ou maoísta) que nunca deixaram de crer na destruição do capitalismo. Diferente é o enlevo do PS com isso. É verdade que sempre houve no PS uma certa ‘nostalgia da adolescência’. Mas agora parece que passou à prática: o PS comporta-se hoje como aquelas pessoas muito reprimidas que, de repente, acham que podem fazer tudo, ou aqueles tipos que passaram a vida enfiados num fato e numa gravata e, chegados aos 40-50 anos, começam a vestir t-shirts malucas e a comportarem-se como se fossem ‘bué jovens’. A democracia não precisa desse PS, a não ser para fazer de nós uma espécie de Venezuela.

Mas há mais. Nomeadamente, o ‘caso Sócrates’. Parece incrível que alguém no PS convide Sócrates para um evento oficial e a direcção aceite. Nem sequer é preciso que Sócrates seja culpado das suspeitas gravíssimas que impendem sobre si. Ele pode até estar inocente. Mas aquilo que já sabemos desqualifica--o sem remissão para um papel político importante. Sócrates viveu uma vida milionária paga por outra pessoa. A leviandade com que o fez e admitiu torna-o um irresponsável político. E mais irresponsável ainda por achar agora que, depois disso, tem direito a um regresso em grande. Terá António Costa percebido isso com o responso que levou de Sócrates, apesar do palco que lhe deu? É uma questão de higiene política que Sócrates se afaste. E o PS devia mostrar-lhe o caminho, se não quer a latino-americanização da nossa política. Ou será que quer?

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