Ouço há décadas que os EUA são um país fascista. Invariavelmente, com excepção do último, os seus presidentes são caricaturados com um bigodinho e ornamentados com suásticas. Nada de novo, portanto, nas reacções a Trump. E, no entanto, os EUA serão o país onde talvez com mais dificuldade se instalará um regime fascista. São um país ideológico, onde as ideias de constituição e democracia fazem parte da sua identidade. As suas instituições foram feitas para evitar poderes excessivos (como já se está a ver, com os juízes a bloquearem o executivo). Claro que tudo pode acontecer, mas será mais difícil aparecer por lá o fascismo do que noutros lados.
Trump ainda não fez nada que configure fascismo ou racismo. A interdição de entrada nos EUA deixa 85 por cento dos nacionais de países islâmicos sujeitos às regras antigas. Trata-se de uma medida antiterrorista que, eficaz ou não (provavelmente não), é o que é. A construção do muro com o México continua uma política velha de 20 anos.
A histeria anti-Trump tem vários problemas. Um deles faz do jornalismo a primeira vítima. Contra Trump, os jornalistas não têm medo de mentir ou dar notícias mal fundamentadas. Não é possível ler hoje uma notícia sobre os EUA com a certeza da sua verdade (absoluta ou parcial). Por outro lado, o noticiário sobre os EUA tornou-se uma torrente de indignações histéricas, uma atrás da outra. Ora, como cada dia há uma nova, já ninguém se lembra da primeira (e seguintes).
Mas o principal problema é tudo isto não deixar ver o que é novo e preocupante na administração de Donald Trump: a vontade de retirar os EUA da liderança do mundo ocidental. As décadas de pedagogia contra o fascismo americano, a globalização, a NATO e até a União Europeia jogam muito bem com estas intenções. Tanto mandaram os EUA embora que eles se preparam para lhes fazer mesmo a vontade.
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