A segunda vida do Rock Rendez Vous?

Para as novas gerações que hoje têm, em Lisboa, uma oferta tão vasta de espaços para ouvir música ao vivo, a noticia de uma nova sala de espetáculos não será muito estimulante. Mas, para quem viveu a década de 80, a notícia de uma nova sala inspirada no antigo Rock Rendez Vous (RRV), que ainda por cima tem por detrás o antigo técnico de som e programador da mítica sala João Santos (aquele que ficou conhecido por Pita é um dos quatro sócios), dificilmente não será assolado por um misto de excitação e nostalgia. Para se perceber o entusiasmo, lembro algo que Zé Pedro me disse uma vez: "Sem o Rock Rendez Vous, provavelmente, não teria existido o boom do rock português". Nascido seis anos depois do 25 de Abril, o RRV foi um espaço de revolução cultural em Lisboa, o único onde essa coisa estranha chamada "rock português" encontrou lugar para florescer. Em dez anos teve 1500 concertos, seis concursos de música e uma editora (Dança do Som). Abriu as portas em dezembro de 1980, na Rua da Beneficiência, inspirado no Marquee Club, em Londres - onde os Rolling Stones se estrearam - e encerrou em 1990 (por dificuldades financeiras foi a leilão). Hoje, no seu lugar, está um café (aqui há tempos um amigo dizia-me que ainda lhe custava passar à porta). A nova sala, Rock Station, inaugura dia 8 no Parque das Nações (antiga fábrica da Kores) com a mesma premissa do RRV de acolher os melhores do rock e lançar novos valores. E para mim é o que me basta, mesmo que me digam que os tempos são outros...