O homem providencial

Os portugueses parecem ter uma predisposição especial para acreditar em homens providenciais. Indivíduos ungidos por uma aura de competência que são, subitamente e sem que ninguém entenda porquê, catapultados como hipótese para as mais altas funções do Estado. Vem isto a propósito de mais uma sondagem que deu o almirante Gouveia e Melo como o favorito para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República. Vamos ignorar o facto de Gouveia e Melo ser chefe do Estado–Maior da Armada, militar em funções, o que o impede de se candidatar ao cargo. O que o torna apto para ser o mais alto magistrado da Nação? Até à operação exemplar de vacinação na pandemia poucos tinham ouvido falar dele.