A reação de Gouveia e Melo à pergunta, natural, pertinente, cheia de atualidade, sobre o voto de Sócrates na sua candidatura presidencial, é um dos factos mais importantes desta pré-campanha. Ficámos a saber que as boas perguntas, acutilantes e oportunas, o incomodam e irritam. Ficámos a saber que as acha “provocatórias” e que, no caso, estava “deslocada”. Ficámos a saber que o candidato lida mal com uma componente central da democracia, a liberdade de perguntar, prima da liberdade de expressão, instrumento essencial de limitação do abuso de poder, com a separação de poderes, tal como Montesquieu nos legou.
Não é um ‘fait divers’ ou um mero deslize. Não, Gouveia e Melo, que tem os rapazes de Sócrates a definir a tática da politiquice, tal como este, não gosta mesmo de ser confrontado com questões aborrecidas, que não estão na cartilha. Isso irrita-o e desperta nele o censor adormecido, habituado a definir as regras dos regulamentos de disciplina militar à sua maneira, como se viu nos processos que meteu aos marinheiros do ‘NRP Mondego’ e perdeu. Na verdade, ‘deslocada’ parece ser, cada dia que passa, a sua candidatura, incapaz de definir claramente uma visão dos poderes presidenciais, da dimensão institucional do cargo e da função, limitando-se a ler num papel que defende a segurança, a estabilidade e mais duas ou três banalidades.
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