Armando Esteves Pereira
Diretor-Geral Editorial AdjuntoNum mundo cada vez mais polarizado, cheio de antagonismos, a partida de Jorge Mario Bergoglio, sumo pontífice nos últimos 12 anos com o nome de Francisco, conseguiu um raro consenso em todas as latitudes. As homenagens, sentidas ou apenas politicamente corretas, mostram que o primeiro papa que veio do novo mundo deixou uma marca positiva, bom homem, fiel apóstolo na sua missão, cumpriu e divulgou os princípios escritos nos evangelhos.
Na hora da morte, o exemplo do homem com sorriso fácil, que nunca abandonou os oprimidos, os mais pobres, os doentes e os imigrantes, deixa um legado que une toda a humanidade.Defensor intransigente da paz contra as guerras, paladino da justiça contra a iniquidade, a pobreza e a exclusão, foi verdadeiramente um papa de "todos, todos, todos".
Depois do primeiro papa super-estrela global e de um sumo pontífice intelectual, a igreja soube escolher um homem que lembra o legado de João XXIII, mais próximo de um velho pároco, do que um sumo pontífice do luxuoso Vaticano.
Cabe agora ao conclave escolher o sucessor na cadeira de Pedro. A Europa já deixou de ser hegemónica no colégio de cardeais. Nesta Europa, outrora esmagadoramente cristã, a Igreja continua a perder terreno e nem a bondade, nem a popularidade de Francisco conseguiram reverter a tendência. A Igreja Católica tem quase dois mil anos e continuará a ser relevante, mas no ocidente onde impera o relativismo ético já é de facto minoritária, apesar de parte significativa da população se considerar católica não praticante.
Num mundo onde imperam as verdades relativas, os factos deixam de ser dados relevantes para as narrativas e o consumismo cria novos ídolos, o papel da Igreja é cada vez mais desafiante, mas continua a ser importante no cimento social das comunidades. No caso da Igreja Católica sempre existiram dois caminhos, um mais progressista e outro mais conservador. Provavelmente foi o equilíbrio entre as duas tendências, que a manteve a instituição importante durante estes dois milénios, apesar dos cismas e dissidências.
Há muita curiosidade em saber qual o perfil do novo pontífice, se será mais conservador ou mais progressista e qual a origem geográfica. Apesar da narrativa oficial apontar para a inspiração divina e para a influência da bênção do Espírito Santo, a escolha será como em todas as instituições humanas com poder: na votação haverá golpes, pecados venais e eventualmente até pecados mortais. Afinal o conclave é uma assembleia de homens.
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