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Consumo excessivo de sal pode provocar AVC e osteoporose

Cinco gramas por dia é a quantidade máxima mas portugueses ingerem o dobro.

03 de março de 2019 às 07:55

Em Portugal, em média, as pessoas consomem o dobro da quantidade de sal que é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - 5 gramas por dia. Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), cada pessoa está a ingerir cerca de 10,7 gramas de sal diariamente.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal. "Há uma ligação muito direta entre o consumo excessivo de sal e a hipertensão arterial e desta com o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

No nosso país, há cerca de 42 por cento de hipertensos diagnosticados, grande parte deles está medicada. "Se fizéssemos um esforço para a redução do consumo do sal, iríamos precisar de menos medicação para estes doentes", alerta Conceição Calhau, nutricionista nos Hospitais CUF, em Lisboa.

Uma alimentação rica em sal acaba também por diminuir os níveis de cálcio no organismo e contribuir para a osteoporose - doença que se caracteriza pela redução da massa óssea e consequentes fraturas. "Há aqui uma forte associação entre excretar sódio que estamos a ingerir a mais e a excreção de cálcio que vai ter consequências na saúde óssea", explica ao CM a especialista.

O sal adicionado no momento da confeção das refeições é aquele que mais contribui para o consumo excessivo, seguido do grupo do pão e tostas. Também a sopa, a charcutaria e outras carnes processadas estão na lista dos produtos que fazem com que haja um consumo excessivo diário de sódio.

Fruta e legumes podem ajudar a baixar a tensão

A fruta e os legumes, além de terem menos sal, têm mais potássio e, por isso, devem fazer parte das preferências da alimentação, em detrimento de outros alimentos como os enchidos e queijo.

"Precisamos de mais potássio e de menos sódio. As pessoas estão com padrões alimentares ao contrário disto. O potássio vai contrarregular todas as funções do sódio, tendo vantagens cardiovasculares, como baixar a tensão arterial", diz a nutricionista Conceição Calhau.

A especialistarecomenda ainda que não se adicione sal nas refeições em casa. Para dar sabor aos alimentos, é aconselhada a utilização de ervas frescas ou secas, como a salsa, os coentros, os orégãos e o manjericão. "Devem ser adicionadas de forma muito generosa e no final da preparação para termos uma intensidade de sabor maior e para preservamos os antioxidantes", afirma Conceição Calhau.

Ao colocar uma boa quantidade de cebolas, alhos e tomates na preparação dos seus pratos, acaba também por não sentir a necessidade de adicionar sal.

"Paladar ensinado num mês"

Conceição Calhau, nutricionista nos Hosp. CUF, Lisboa

CM: Em quanto tempo se consegue reduzir o consumo de sal?

Conceição Calhau – É tudo uma questão de hábito. Num mês já se consegue ter o paladar muito mais controlado e ensinado.

– Têm existido avanços para reduzir a ingestão?

– Portugal fez um avanço quando legislou que o sal do pão tinha de ser de 1,4 gramas por 100 gramas. Mas se, em média, as pessoas comem 200 gramas de pão por dia, estão a ingerir já 2,8 gramas de sal só no pão.

– As bolachas são uma fonte de sal?

– Sim. Há bolachas que chegam a ter 2,2 gramas de sal por 100 gramas, o que já está na zona vermelha da DGS.

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