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Ex-juiz Sérgio Moro sobre Bolsonaro: "Ele fez o oposto de combater a corrupção"

Moro deixou o governo em Abril de 2020 depois de acusar Bolsonaro de ingerência indevida na Polícia Federal.

21 de novembro de 2021 às 15:00

O ex-juiz que comandou a operação anti-corrupção Lava Jato, Sérgio Moro, e que depois aceitou ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, afirmou este fim de semana que acreditou na bandeira do presidente de combater a corrupção no Brasil mas que o governante, após assumir o cargo, fez exactamente o contrário. Moro foi recebido como uma verdadeira celebridade no congresso do MBL, Movimento Brasil Livre, uma entidade de direita que foi decisiva para a destituição da então presidente Dilma Rousseff em 2016 e para a eleição de Bolsonaro em 2018 mas que rompeu com o presidente e agora o critica vivamente.

"Eu acreditei que havia uma chance de dar certo (a entrada dele no governo Bolsonaro para combater a corrupção como ministro da Justiça). Em 2018, tínhamos um momento de muita expectativa, o presidente foi eleito com a bandeira da luta contra a corrupção, muita gente acreditou que poderia dar certo, e então eu encarei. Mas, quando eu vi que um governo eleito para combater a corrupção fazia o exacto oposto, eu saí."-Declarou Moro, que deixou o governo em Abril de 2020 depois de acusar Bolsonaro de ingerência indevida na Polícia Federal.

Segundo o que Sérgio Moro denunciou na altura, Jair Bolsonaro tentou obrigá-lo a mudar o director-geral da Polícia Federal e várias outras pessoas da cúpula da corporação para impedir o avanço de investigações sobre corrupção e outras irregularidades que poderiam atingir o presidente, os filhos e outras pessoas próximas. Moro não aceitou, saiu do cargo, Bolsonaro mudou toda a chefia da PF e as investigações em causa até hoje não avançaram.

Duas semanas atrás, Sérgio Moro, que desde a sua saída do governo trabalhava como consultor de uma grande empresa norte-americana e era pago a peso de ouro, largou inesperadamente tudo nos EUA, viajou para Brasília e filiou-se ao Partido Podemos. O homem que a vida toda tinha criticado a política e que, como juiz, mandou para a cadeia políticos importantes, como o ex-presidente Lula da Silva, agora decidiu abraçar abertamente a carreira política e, embora ainda não tenha assumido claramente ser candidato a presidente do Brasil nas eleições de 2022, tem feito discursos nesse sentido e dias atrás afirmou estar pronto para liderar um projecto de governo para o país.

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