Agora percebemos muito melhor a correria frenética do governo português para ser o primeiro a entregar em Bruxelas o seu Plano de Recuperação e Resiliência. Aquela fotografia do ministro do Planeamento, de olheiras fundas depois de uma directa e com o indicador esticado a carregar na tecla do “send” que ficou registada para a posteridade às 6h51 de um dia de abril, ganhou toda uma nova luz depois da já mítica pergunta de António Costa à presidente da Comissão Europeia, na semana passada. “Já posso ir ao banco?” Sim, Toninho, toma lá o cartão multibanco e vai, parece ter-lhe dito a compreensiva Ursula von der Leyen ante a impaciência gulosa do primeiro-ministro português.Impossível não pensar nos irmãos Metralha a cobiçar a caixa-forte do Tio Patinhas ou nos Dalton de olho numa diligência carregada de dinheiro. Ao contrário do que se diz, Costa não quis ter graça. O que lhe aconteceu foi que, num raro momento de sinceridade ou de distração política, fugiu-lhe a boca para a verdade. E então deixou escapar aquela manifestação de ávida cupidez, como se deitar as mãos aos 16 mil milhões de euros da Europa fosse a única coisa que realmente importasse naquele momento. Foi uma coisa tão ridícula e, desculpem-me, tão portuguesa, que julgo todos ficamos um pouco embaraçados com aquela piadola do Costa, como quando somos apanhados a fazer algo que não devíamos ou que não era suposto alguém estar a ver. Oxalá este arranque verdadeiramente desastroso do primeiro-ministro não seja o prenúncio de mais desastres no que ao PRR diz respeito. Mas o certo é que não existem muitas razões para ficarmos descansados quanto ao uso e às finalidades de todos aqueles milhões. O número nunca visto de comissões e entidades que vão estar de vigilância às fraudes e às irregularidades na utilização dos fundos devia dar-nos alguma tranquilidade, mas parece só aumentar a desconfiança. No meio disto tudo, haja alguém feliz e que esse alguém seja Costa. Porque já pode ir ao banco.
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