Em tempos, a minha sobrinha Maria Luísa, eleitora esquerdista da família e a assaltante mais assídua da minha biblioteca, ficou perplexa com a existência de um exemplar da ‘Anatomia da Melancolia’, de Robert Burton, com as suas 1500 páginas distribuídas pelos dois volumes de uma edição popular que o velho Doutor Homem, meu pai, trouxe de Inglaterra sem intenção de os ler. Expliquei que a melancolia era uma matéria antiga e que o livro era de 1621 – e que o velho Doutor Homem, meu pai, o conservava como uma das glórias das estantes, mas nunca teve paciência para ler.
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