O Brasil entrou, quase oficialmente, numa nova era de depressão económica. Coisa inimaginável, muitas cidades brasileiras cancelaram os desfiles de Carnaval, porque não há dinheiro para pagar os festejos. Mas, povo optimista e que não dispensa a melodia e o ritmo, não deixa de continuar a fascinar-nos com a sua música. Foi apenas neste início de ano que consegui escutar um disco poderoso como poucos: ‘A Mulher do Fim do Mundo’, de Elza Soares. Elza não tem idade, talvez tenha uns 80 anos. Mas parece uma adolescente quando canta e encanta. É som tricolor no seu melhor.
A sua voz rouca é o melhor instrumento que podemos encontrar para escutar o som do Brasil que olha à volta, entre sonhos e pesadelos. Basta escutar estas canções que se entranham no nosso corpo e na nossa alma. Em ‘Maria da Vila Matilde’, Elza canta um samba contra a violência exercida sobre as mulheres. É um dos 11 temas que aquecem os nossos corações e que conta com a presença de muitos músicos da cena independente.
É um encontro de gerações de onde sai faísca criativa. Porque aqui se cruzam o samba e o rock’n’roll transfigurado pelas noites tropicais. Há temas muito duros, como ‘Benedita’, visão, através do olhar de um travesti, do submundo de crack e da violência urbana. Só o começo do disco é deslumbrante, com uma versão ‘a capella’ de um poema de um dos génios da poesia brasileira, Oswald de Andrade. É também um olhar sobre o passado: nos anos 60, Elza teve uma relação tempestuosa com uma das maiores estrelas do futebol brasileiro, Garrincha. É esse amor tricolor que continua na voz dela.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
O aumento da procura, a queda da oferta e a inoperância política geraram uma tempestade perfeita
Estamos, sem dúvida, a caminho de uma Nova Ordem Internacional mas vamos acreditar que ela será possível sem um conflito alargado.
Não se percebe o paradoxo, esperemos que o Governo o desmistifique.
País só deve receber na exacta medida da capacidade que tem para integrar
Chamar campanha suja ao escrutínio jornalístico não leva a lado nenhum
Chamar “curry” a esta mistura de especiarias e a este molho é de uma imensa pepineira.