Na sua aparência de caso menor, a deslocação do Infarmed para o Porto acaba por ser um revelador do modo de operação geral de António Costa. Há anos que se ouve falar da sua lendária ‘capacidade negocial’ e não menos lendário ‘pragmatismo’.
Este caso mostra bem em que consistem essa capacidade e pragmatismo. É simples: oferece-se ao interlocutor imediato uma coisa qualquer que o satisfaça, seja ou não possível de concretizar, e depois logo se vê.
Como a oferta cria, a seguir, uma série de problemas acessórios, é necessário voltar a aplicar ‘capacidade negocial’ e ‘pragmatismo’ à sua resolução. Como cada solução vai criando novos problemas, no final sobra uma cornucópia de compromissos contraditórios sem qualquer princípio geral.
A inenarrável história do Infarmed é só um exemplo. A oferta de descongelamento das carreiras da Função Pública é outro: ofereceu-se a uns, a ver se se calavam; previsivelmente, saltaram logo os outros todos a seguir, exigindo o mesmo.
Solução: empurrar os compromissos para outro Governo, esteja lá Costa ou não. Mas já tinha sido assim há uns meses, quando o Governo ofereceu à Concertação Social o que não tinha a certeza de poder oferecer, a propósito do salário mínimo e da descida da TSU.
Vendo bem, o próprio acordo da geringonça é do mesmo género: um truque imediato, em relação ao qual não se medem as consequências, e depois logo se vê.
O País ficou refém de partidos que nunca gostaram muito da democracia portuguesa? Não faz mal, isso depois resolve-se. É preciso também satisfazer a Europa? Saca-se de outro truque: as cativações. E por aí fora.
Mas o caso Infarmed revelou ainda o carácter político de outra pessoa: Rui Moreira. A sua satisfação alvar com uma medida arbitrária e autoritária, só porque presumivelmente beneficia o Porto, mesmo que nada a justifique, diz tudo.
Estamos bem entregues.
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