A linguagem sempre foi uma arma do populismo. Quando Rita Matias defende uma alteração da natureza semipresidencial do regime, ao dizer que Ventura, no Palácio de Belém, poderia presidir aos Conselhos de Ministros, está a utilizar uma linguagem de relativização da Constituição para fazer a política habitual do Chega. Criar um espelho de uma alternativa irreal, no caso ilegal, ancorada numa qualquer ânsia popular legitimadora. Este populismo não é muito diferente do outro que por aí anda. Mas é muito mais infantil. O outro, sibilino, começou fardado de marinheiro, mas agora não cabe nas vestes senatoriais. Qual é, afinal, a diferença entre Matias e Rui Rio, o mandatário de Gouveia e Melo, quando disse aquela frase a que poucos ligaram?! O Presidente da República, afirmou, é “o português mais votado de todos os que se submetem ao sufrágio popular” e, por isso, “possui uma representatividade democrática reforçada que lhe confere uma força e um poder que podem influenciar decisivamente o curso da vida nacional”. Já sabemos que o doutor Rio e o seu mandatado adorariam que a “força” e o “poder” dessa influência se abatessem sobre a justiça e jornalistas. Mas também sabemos, desde Brecht, que hoje levam uns e não nos importamos porque não nos toca. Mas amanhã, porém, levam-nos a todos. Não há, na verdade, coisa pior do que os lobos que se escondem debaixo da pele de cordeiros, por muito que os esbirros deixem os dentes de fora.
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