Não surpreende, mas ainda assim deve causar estranheza. A política do segredo nunca foi saudável em democracia. Não se fecham portas para depois entreabrir janelas, mas isso não basta para iluminar o que ficou na sombra. A justificação apresentada pelo MP no caso que envolve o primeiro-ministro não convence, porque não chega. Montenegro governa o País, não um círculo restrito de confiança. Tem um contrato político e moral com os eleitores que exige transparência sem exceções nem zonas cinzentas. Quando as respostas falham ou se atrasam, instala-se a dúvida. E a dúvida corrói a relação entre governantes e governados. Quem é chamado a gerir o que é de todos deve aceitar sem reservas o escrutínio. Não se trata de desconfiança gratuita, mas de um direito essencial. Cabe-lhes governar; cabe-nos verificar. É nesse equilíbrio, frágil, mas indispensável, que vive uma sociedade democrática.
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Quem é chamado a gerir o que é de todos deve aceitar sem reservas o escrutínio.
Enquanto o debate público insistir na culpa da vítima e não na responsabilidade coletiva, continuaremos a falhar - às mulheres, às crianças e à própria ideia de justiça.
Quando estão em causa políticos, a prioridade deveria ser sempre a clareza, a confiança e a responsabilização.
Quando uma decisão de inconstitucionalidade acontece, o debate devia a ser outro.
Não há consequências para quem falhou.
Clara acumulava uma carreira marcada pelo jornalismo, pela divulgação científica e por uma escrita que desafiava fronteiras.
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