Quem é o senhor?”, pergunta Fernanda Câncio. “É o senhor procurador”, responde a juíza. “Prazer”, diz a jornalista, já depois de ter recusado responder se namorou com José Sócrates. O tom foi seco, a distância medida em sílabas curtas. Tudo ali, naquele tribunal, soava familiar: o estilo Sócrates, a altivez, o desprezo pelo incómodo da dúvida. Os juízes, com os seus rituais solenes, mantiveram a condescendência. Câncio indignou-se – como se fosse ofensivo querer saber. Mas esteve em inúmeras férias, gastou, viveu e brilhou. Agora perguntam-lhe porquê. “Mas o que temos nós a ver com isso?”, parece ser a resposta subjacente. Talvez tudo, porque naqueles milhares também estava um bocadinho de todos nós. Dinheiro da coisa pública, dinheiro nosso que gostávamos que tivesse sido investido nos nossos. E não nos luxos que marcavam as férias deles.
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O Estado hesita, e nessa hesitação perde-se algo essencial: a ideia de que a lei não é decorativa. Porque a Justiça que tarda não é apenas injusta - é perigosa.
Mariana provou que a justiça não é para todos.
Quem é chamado a gerir o que é de todos deve aceitar sem reservas o escrutínio.
Enquanto o debate público insistir na culpa da vítima e não na responsabilidade coletiva, continuaremos a falhar - às mulheres, às crianças e à própria ideia de justiça.
Quando estão em causa políticos, a prioridade deveria ser sempre a clareza, a confiança e a responsabilização.
Quando uma decisão de inconstitucionalidade acontece, o debate devia a ser outro.
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