Sócrates prossegue no julgamento como se ainda estivesse na Ágora, respondendo com perguntas, atacando quem o interpela e assumindo a pose de virgem ofendida. Ontem, o seu advogado apresentou um requerimento que raia o absurdo, numa tentativa de inverter a lógica processual. A conceção de direito de Sócrates é muito própria: um palco onde ele é o protagonista e onde os magistrados são réus, na sua visão distorcida, sentados no banco da humilhação. Não satisfeito em reclamar inocência, quer também ditar as regras do interrogatório. Tentou impedir - para sempre - as perguntas da acusação, alegando que violam a presunção de inocência. O julgamento, para Sócrates, não é um processo judicial: é um espetáculo em que só ele pode falar, e todos os outros devem calar-se. Como fez durante anos, quando pensava que o poder conferido pelo povo era eterno.
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