Sócrates prossegue no julgamento como se ainda estivesse na Ágora, respondendo com perguntas, atacando quem o interpela e assumindo a pose de virgem ofendida. Ontem, o seu advogado apresentou um requerimento que raia o absurdo, numa tentativa de inverter a lógica processual. A conceção de direito de Sócrates é muito própria: um palco onde ele é o protagonista e onde os magistrados são réus, na sua visão distorcida, sentados no banco da humilhação. Não satisfeito em reclamar inocência, quer também ditar as regras do interrogatório. Tentou impedir - para sempre - as perguntas da acusação, alegando que violam a presunção de inocência. O julgamento, para Sócrates, não é um processo judicial: é um espetáculo em que só ele pode falar, e todos os outros devem calar-se. Como fez durante anos, quando pensava que o poder conferido pelo povo era eterno.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
O Estado hesita, e nessa hesitação perde-se algo essencial: a ideia de que a lei não é decorativa. Porque a Justiça que tarda não é apenas injusta - é perigosa.
Mariana provou que a justiça não é para todos.
Quem é chamado a gerir o que é de todos deve aceitar sem reservas o escrutínio.
Enquanto o debate público insistir na culpa da vítima e não na responsabilidade coletiva, continuaremos a falhar - às mulheres, às crianças e à própria ideia de justiça.
Quando estão em causa políticos, a prioridade deveria ser sempre a clareza, a confiança e a responsabilização.
Quando uma decisão de inconstitucionalidade acontece, o debate devia a ser outro.
O Correio da Manhã para quem quer MAIS
Sem
Limites
Sem
POP-UPS
Ofertas e
Descontos