page view
Francisco José Viegas

Francisco José Viegas

Escritor

Era depois da morte

25 de março de 2015 às 00:30

Nenhum dos seus poemas desapareceu da nossa memória, nenhum dos seus livros (nem mesmo daqueles mais raros e disputados) desapareceu das nossas estantes.

A morte não podia interrompê-lo nem fazer-nos esquecer a sua voz, os seus versos: "Cantar? Longamente cantar. Uma mulher com quem beber e morrer." Quantas vezes repetiremos essa "imagem vertiginosa e alta de um certo pensamento/de alegria e impudor"? Por isso, a poesia portuguesa não ficará mais pobre. Herberto Helder tinha há muito entrado no labirinto dos que não confiavam na eternidade – ele será a luz de cinza que paira sobre a poesia portuguesa do nosso tempo. Um poeta poderoso – a voz mais forte –, no sentido em que não houve no nosso século XX obra tão influente sobre os seus contemporâneos e sobre os vindouros.

Sentimo-nos hoje como no poema (escrito em 1970) de Ruy Belo: "Era depois da morte de Herberto Helder." A sua poesia dizia tudo o que não sabíamos nem podíamos dizer. Só ele podia.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Blog

A Europa precisa de moderar sonhos que não é capaz de realizar sozinha.

Blog

Uma coisa triste da cultura portuguesa é a sua destruição pela ganância nova-rica.

Blog

As taxas da banca são baixas por uma razão: os bancos não têm falta de dinheiro.

Blog

Sócrates acredita que tem um passe vitalício que lhe permite estar acima da lei.

Blog

Ventura está a fixar o seu eleitorado, Seguro e Marques Mendes ainda não.

Blog

Sofisticação das nossas sociedades alberga revivalismos culturais mais retrógrados.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8